Saúde

Sem previsão de retorno

Fechado há três semanas, setor materno-infantil da Santa Casa de Misericórdia causa impacto nas maternidades dos outros hospitais

Carlos Queiroz -

O setor materno-infantil da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas está de portas fechadas há 23 dias. Com isso, as outras instituições de saúde que oferecem atendimentos obstétricos via Sistema Único de Saúde (SUS) sentem os reflexos através do aumento diário da demanda. Até o dia 1° deste mês, três hospitais contavam com o setor e, mesmo assim, havia dificuldades para atender todas as procuras. Com o atual cenário, a tendência é que um antigo problema se torne ainda maior. A Santa Casa, através de sua assessoria de comunicação, informou que não existe previsão para a reabertura do local.

A média mensal de partos em Pelotas é de 250 e 300 - alto e baixo risco. Destes, cerca de 150 ocorriam na Santa Casa, conforme dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Diante do novo cenário, o Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) logo sentiu os impactos. A instituição reforça que segue de portas abertas, atendendo até sua capacidade máxima. O HE-UFPel conta com 16 leitos obstétricos e o atendimento aos casos suspeitos de Covid-19 em gestantes serão feitos com adequações realizadas nos leitos cirúrgicos ginecológicos. Por lá, no setor da maternidade, há em média 25 internações por semana. Com o fechamento da maternidade vizinha, 32 internações foram contabilizadas na última semana, além de um aumento no volume de avaliações do pronto-atendimento obstétrico.

No Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP) a realidade não é diferente. Por meio de nota, informou que em decorrência do encerramento das atividades da maternidade da Santa Casa, a instituição tem sido fortemente impactada pela demanda excedente que pressiona as portas das maternidades remanescentes. “Não obstante, a direção do HUSFP tem procurado o diálogo sistemático com o gestor público, a quem, de fato e de direito, compete a solução do problema, na busca de encaminhamentos assertivos. Na mesma medida, dentro de suas competências e no limite de suas capacidades, o HUSFP tem procurado contribuir com ideias e discussão de alternativas junto à SMS”, diz o documento. O hospital reconhece a relevância da pandemia, mas salienta que a discussão da questão materno-infantil no contexto regional é também do iminente interesse social e merece atenção.

De volta à Santa Casa 

Em um boletim diário interno, emitido no dia 16 de abril, o comitê do HE-UFPel sugere à prefeitura que as gestantes suspeitas e confirmadas com Covid-19 sejam encaminhadas à Santa Casa, devido à estrutura física e pelo fato de que a mesma também atenderá pacientes com a nova patologia. A SMS explica que a sugestão deverá ser discutida com as instituições envolvidas e a própria Secretaria para, então, haver a avaliação da possibilidade.

Pedido de informações

Esta semana o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) encaminhou ofício ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) solicitando informações sobre a aplicação de verbas repassadas pela prefeitura à Santa Casa. Mensalmente a entidade recebia um incentivo de R$ 150 mil para auxiliar no funcionamento do setor, entretanto o hospital garante que já foi encaminhado um ofício e o repasse está suspenso. A informação foi confirmada, por meio de nota, pela Secretaria de Saúde. ”Desde o momento em que a Santa Casa fechou a maternidade a gente não vai mais repassar”, afirmou a responsável pela pasta, Roberta Paganini. O diretor de interior do Simers, Fernando Uberti, classifica a situação como grave. Ele relembra que logo após o fim do contrato dos médicos, a Santa Casa não fez nenhuma resposta de renovação dos contratos e passaram a procurar uma empresa para prestar o serviço. “Foram todos ignorados, mesmo que com remunerações em atraso”, frisou. A SMS informou que ainda não existe uma solução, mas atestou que as gestantes estão sendo atendidas pelo HUSFP e pelo HE-UFPel e garantiu que uma nova saída está sendo procurada com outro prestador.

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